O que são asanas?

O que são asanas?

Asana é a porta de entrada para o estado de yoga. Através do nosso corpo vamos fortalecer, alongar, purificar, organizar e distribuir a energia criativa por meio dos asanas, que vão influenciar diretamente nossa energia corporal abrindo espaço para a energia circular em harmonia no nosso corpo.

Os Asanas podem ser classificados da seguintes formas: de flexão, flexão lateral, de equilíbrio sobre os braços, torção, extensão e inversão.

Muitas pessoas pensam que a grande quantidade de posturas do yoga moderno é invenção dos novos “professores”, mas os estudos de alguns manuscritos recém-descobertos apontam para o fato de que na Índia, pré-invasão Britânica, já havia a prática de uma grande variedade de asanas.

Vários autores já apontaram o fato de que textos clássicos de yoga mencionam apenas algumas dezenas de asanas. Enquanto o Yoga Sutra de Patanjali, se restringe a dizer que asana é uma postura firme e agradável, o Yoga Bhasya de Vyasa ao Yoga Sutra mencionam apenas 12 asanas:

  • padmásana;
  • vírásana;
  • bhadrásana;
  • svastikásana;
  • dandásana;
  • sopáśrayásana;
  • paryankásana;
  • krauñcanishdanásana;
  • hastinishadanásana;
  • ushtranishadanásana;
  • samasamsthánásana;
  • sthirasukha ou yathásukásana.

Além de serem poucos, grande parte dos asanas mencionados são sentados e muitos autores dizem que o único propósito é habilitar o corpo a conseguir passar um bom tempo sentado em meditação.

Atualmente, quando se fala em yoga as pessoas pensam principalmente em posturas físicas. Alguns leigos ainda associam yoga/asanas com Hatha Yoga. Porém, mesmos textos clássicos de Hatha Yoga como Śivasamhitá (menciona apenas 6 asanas), Hathapradípiká (menciona apenas 15 asanas) e Gherandasamhitá falam de poucos asanas. A Gherandasamhitá é a que menciona a maior quantidade de asanas, mas são apenas 32.

Se formos a alguns sites que falam de yoga, podemos encontrar até softwares que automatizam “a criação” de asanas e de sequências. Por exemplo, o site Yoga Journal lista uma grande quantidade de asanas e sugestões de sequências.

O que ainda está faltando na literatura especializada é um estudo que indique se essa proliferação de asanas é simplesmente uma influência ocidental no yoga ou se existe alguma conexão com as fontes tradicionais. Ou até mesmo se existem textos tradicionais que indiquem que eram feitas práticas em que a execução de uma grande quantidade de asanas era importante.

Neste sentido, recentemente, Jason Birch publicou um capítulo intitulado “The Proliferation of Asana-s in Late-Medieval Yoga Texts”, no livro “Yoga in Transformation”, que se fundamenta na descoberta de vários manuscritos de textos medievais de yoga que contém listas de mais de 84 asanas. Segundo o autor, esse número é canônico e é mencionado em vários textos de yoga. O que faltava, até o momento, eram textos que descrevessem esses asanas, pois as menções aos 84 eram apenas listas de nomes ou apenas menção ao número.

Jason Birch argumenta que, de fato, está claro que mais de 84 asanas eram praticados em algumas tradições do Hatha Yoga antes dos britânicos chegarem à Índia. O mais incrível, para quem achava que asana era apenas para sentar e meditar, é que a maioria deles descritos nos textos não eram posturas sentadas, mas sim complexas e que demandavam muito esforço físico, algumas envolvendo movimento repetitivo, controle da respiração e uso de cordas.

A execução de asanas envolvia movimento cíclico da respiração entre o abdômen e a cabeça, por exemplo. Em alguns trechos desses manuscritos os asanas são descritos como kriyás, que combinam técnicas elaboradas de pránáyáma com asanas complexos.

Outra característica interessante, que aparece em um dos novos manuscritos é a sequência de asanas fundamentais em que o praticante deve ser capaz de realizar antes de seguir para os mais complexos.

Segundo Jason Birch, a hipótese de Sjoman de que alguns asanas derivam de sistemas indianos de artes marciais continua válida, mas a contribuição do novo manuscrito foi situar esses asanas no Hatha Yoga. Além disso, o novo manuscrito deixa claro que hathayogis praticavam asanas dinâmicos, antes da influência britânica.

Por fim, Jason Birch traça algumas hipóteses sobre a influência de textos derivados desses manuscritos nos sistemas de yoga desenvolvidos pelos alunos de Krshnamácárya (Patabhi Jois, Iyengar, Desikachar, Kaustubh, etc).

Os alunos da linhagem de Krshnamácárya mencionam um texto chamado Yoga Kurunta, que Jason Birch diz não ter encontrado nenhuma cópia em bibliotecas da Índia. Mas pelos relatos dos alunos da linhagem há alguma influência dos novos manuscritos nesse suposto texto chamado Yoga Kurunta.

Diante da pesquisa feita para traçar um paralelo do asana na sua origem e o moderno, posso concluir que hoje os asanas modernos são um desmembramento das posições mais complexas para se chegar as posições finais e uma evolução para as posições que não são sentadas. A evolução, na minha opinião, trouxe mais oportunidade para as pessoas que não tem o costume de praticar yoga desde criança poder praticar em qualquer momento de sua vida, começando por posturas menos complexas e usando as técnicas de respiração e ativação dos Dandas. O acesso ao estado de yoga de autoconhecimento vai além da finalização das posturas complexas. Meu objetivo, na minha prática, é atingir esse estado de autoconhecimento e desafios dos meus limites. Meu objetivo para ensinar yoga é ajudar os meus alunos a fazerem a mesma coisa.

Patricia Chojniak